quarta-feira, 18 de maio de 2011

Não se vive aos cadinhos.


Não se vive aos cadinhos.
Não se esmola vida.
Não se pede licença para existir.
Não se existe de favor.
Viver é apoderar-se dos instantes,
copular com os dias,
apossar-se do estar sendo,
emprenhar-se do mundo,
dos sentidos, do agora.
Viver é rasgar-se por dentro,
deixar-se arranhar pelos cílios do medo,
vibrar na alta freqüência do desmedido,
enfiar a língua entre os dentes da insanidade,
parir-se ao contrário todas as manhãs.
Viver não é um exercício de preservação, mas de flagelo.
Não há resguardo possível àqueles que estão vivos,
nem prudência, nem moderação.
Vida é o caminho que se faz todos os dias
entre a loucura e a sanidade.
Estar vivo é não ter medo de se perder nesse percurso.

= Tati Bernardi =

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